A dermatite atópica canina é uma das doenças de pele mais comuns nos cães e, ao mesmo tempo, uma das mais desafiadoras de diagnosticar. O tutor percebe coceira intensa, vermelhidão, lambedura das patas, feridinhas que vão aparecendo e desaparecendo e, muitas vezes, otites que insistem em voltar. Mas, ainda assim, não existe um único exame capaz de confirmar a doença.
Por isso, o diagnóstico da atopia não se baseia em um teste específico. Ele é um diagnóstico por exclusão, o que significa que o veterinário precisa descartar uma série de outras condições antes de confirmar que o cão é atópico. Esse processo exige paciência, investigação detalhada e um olhar cuidadoso sobre cada sintoma.
A seguir, você vai entender exatamente como esse diagnóstico é feito, por que ele costuma levar tempo e quais etapas são essenciais para chegar a respostas confiáveis. O objetivo é ajudar você a compreender o que esperar durante a avaliação veterinária e por que cada etapa do processo é tão importante.
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O que é a dermatite atópica canina

A dermatite atópica canina é uma condição inflamatória crônica, de origem genética e ambiental, que provoca hipersensibilidade do organismo a alérgenos como poeira, ácaros, pólens e outras partículas do ambiente. Cães atópicos têm uma barreira cutânea naturalmente mais frágil, o que facilita a entrada de substâncias irritantes que estimulam o sistema imunológico.
Essa reação exagerada resulta em coceira intensa, inflamação da pele e diversos sinais clínicos que muitas vezes se confundem com outras alergias.
Além disso, é uma condição que não tem cura definitiva, mas pode ser controlada por meio de tratamentos contínuos e estratégias de manejo ambiental, cuidados dermatológicos e medicações específicas que reduzem inflamação e coceira.
Por causa do caráter multifatorial, a confirmação da doença depende de uma investigação criteriosa.
Por que o diagnóstico é por exclusão
Ao contrário de doenças em que um exame de sangue ou imagem confirma a suspeita, a dermatite atópica depende da eliminação de outras possíveis causas de coceira. Isso acontece porque sintomas como vermelhidão, otite e perda de pelo aparecem em diversas condições dermatológicas.
O diagnóstico por exclusão é essencial porque:
- A doença não possui um exame único e definitivo que comprove a atopia.
- Sintomas dermatológicos são parecidos entre diferentes alergias.
- A atopia pode coexistir com outras enfermidades, dificultando a interpretação se não houver organização na investigação.
- Um diagnóstico precipitado pode levar a tratamentos inadequados que pioram o quadro a longo prazo.
Em outras palavras, o veterinário precisa seguir um caminho lógico: excluir o que é comum para confirmar o que é específico.
A seguir, você verá as etapas mais importantes desse processo e o que cada uma delas significa.
Primeira etapa: descartar alergia à picada de pulgas
A alergia à picada de pulgas, conhecida como DAPP, é uma das causas mais comuns de coceira em cães. Por isso, o primeiro passo é eliminá-la da lista de suspeitas.
Mesmo que o tutor afirme que o cão não tem pulgas, o veterinário sabe que uma única picada já é suficiente para desencadear uma reação intensa em animais alérgicos. Além disso, muitos cães se lambem tanto que acabam retirando as pulgas antes que o tutor consiga vê-las.
Para descartar essa hipótese, o veterinário normalmente indica:
- Um protocolo antipulgas rigoroso, com produtos eficazes e aplicação contínua.
- Tratamento do ambiente, porque pulgas se multiplicam em carpetes, quintais, camas e sofás.
- Monitoramento dos sintomas durante algumas semanas.
Se, após esse cuidado, a coceira persistir, outras causas entram em avaliação.
Segunda etapa: descartar alergia alimentar

A alergia alimentar é outro motivo frequente para quadros de coceira crônica e inflamação da pele. Os sintomas são parecidos com os da atopia, o que torna indispensável excluí-los antes de avançar na investigação.
O padrão-ouro para esse diagnóstico é a dieta de eliminação, que consiste em:
- Utilizar um alimento hipoalergênico, hidrolisado ou baseado em proteína nova.
- Manter essa dieta por no mínimo 8 a 12 semanas, sem oferecer petiscos, restos de comida ou qualquer alimento extra.
- Observar se há redução progressiva dos sintomas.
Se o cão melhora com a dieta, a alergia alimentar se torna uma forte suspeita. Se nada muda, o veterinário segue para as próximas etapas do diagnóstico.
Esse processo exige disciplina e colaboração total do tutor. Pular etapas ou oferecer alimentos proibidos pode comprometer toda a investigação.
Terceira etapa: investigar infecções secundárias
Cães com dermatite crônica estão mais propensos a desenvolver infecções por:
- bactérias
- fungos, especialmente Malassezia
- levaduras
- microorganismos que se aproveitam do enfraquecimento da pele
Essas infecções podem agravar a coceira, causar odor forte, escurecimento da pele, otites e feridas. Além disso, podem mascarar os sintomas da atopia e dificultar a avaliação clínica.
É comum que o veterinário indique:
- raspados de pele
- citologias
- exames de otoscopia
- tratamento antimicrobiano antes de avançar no diagnóstico
Somente após o controle dessas infecções é possível observar os sinais naturais da doença e identificar se o cão realmente apresenta um quadro atópico.
Quarta etapa: avaliar sinais clínicos típicos de atopia
Depois que outras alergias e infecções são descartadas ou controladas, o veterinário analisa os sinais que costumam acompanhar a dermatite atópica. Entre eles:
- Coceira persistente mesmo sem pulgas
- Lambedura constante das patas
- Otites recorrentes
- Vermelhidão em regiões características como focinho, abdômen e orelhas
- Hiperpigmentação e espessamento da pele em casos crônicos
- Alopecia em pontos específicos
- Piora dos sintomas em determinadas estações ou ambientes
O histórico do animal também é muito importante. Informações como idade de início do quadro, frequência das crises, resposta a tratamentos e relação com fatores ambientais ajudam a formar o quebra-cabeça clínico.
Quinta etapa: testes alérgicos como ferramenta complementar

Uma vez confirmada a suspeita de dermatite atópica, o veterinário pode solicitar:
- Testes intradérmicos
- Testes sorológicos (IgE específica para alérgenos)
É importante reforçar que esses testes não servem para diagnosticar a doença, mas para identificar quais alérgenos ambientais afetam o cão. Eles são extremamente úteis quando o objetivo é montar uma imunoterapia personalizada, também chamada de vacina antialérgica.
A imunoterapia é uma das abordagens mais eficazes para controlar o quadro a longo prazo, especialmente quando o tutor deseja reduzir a dependência de medicações contínuas.
Conclusão
O diagnóstico da dermatite atópica canina é um processo detalhado, que exige paciência e colaboração entre tutor e veterinário. Como não existe um exame específico capaz de confirmar a doença, a única maneira de chegar a uma avaliação correta é seguir um protocolo estruturado, eliminando outras causas de coceira e entendendo cada aspecto da saúde do cão.
Embora seja uma condição crônica, a atopia pode ser muito bem controlada com tratamento adequado, acompanhamento periódico e manejo ambiental. Quanto mais cedo o diagnóstico é feito, melhor a qualidade de vida do pet e maior a chance de controlar as crises de forma eficiente.
Se você suspeita que seu cão possa ter dermatite atópica, o ideal é buscar consulta com um médico-veterinário o quanto antes. A jornada até o diagnóstico pode ser longa, mas cada etapa é essencial para garantir um tratamento seguro e eficaz.
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