A otite em pets é uma das queixas mais comuns nas clínicas veterinárias. E não é à toa: essa inflamação no ouvido causa dor intensa, coceira persistente, mau cheiro e muito incômodo para o animal — além de gerar preocupação para o tutor.
Apesar de frequente, diagnosticar a otite corretamente é fundamental para o sucesso do tratamento e para evitar recidivas constantes, que desgastam tanto o pet quanto os donos e até mesmo o profissional veterinário.
Neste artigo, você vai aprender como deve ser feito o diagnóstico correto da otite em cães e gatos, o passo a passo técnico e os motivos pelos quais a avaliação aprofundada faz toda a diferença no resultado final. Se você é tutor e quer entender o processo, ou profissional e busca otimizar sua abordagem, esse conteúdo foi feito para você.
Tópicos do Artigo:
O que é otite em cães e gatos e por que ela é tão recorrente?

A otite é uma inflamação do conduto auditivo que pode atingir diferentes regiões do ouvido: externa, média ou interna. A mais comum é a otite externa, mas, se não tratada corretamente, pode progredir e comprometer o bem-estar e até a audição do animal.
Entre os principais sintomas de otite em pets, estão:
- Coceira intensa nas orelhas
- Cheiro forte e desagradável
- Vermelhidão e secreção no ouvido
- Dor ao tocar nas orelhas
- Abanar frequente da cabeça
- Perda de equilíbrio (em casos mais avançados)
Mas o que torna a otite tão recorrente? A resposta está na multiplicidade de causas associadas. Diferentes fatores podem desencadear ou agravar o quadro, como:
- Umidade excessiva (principalmente após banhos)
- Alergias alimentares ou ambientais
- Presença de corpos estranhos
- Infecções bacterianas ou fúngicas
- Parasitismo por ácaros
- Doenças autoimunes
- Predisposição genética (raças como Cocker Spaniel, Shih Tzu e Basset Hound são mais afetadas)
Por isso, a chave para resolver a otite não está apenas no tratamento dos sintomas, mas no diagnóstico preciso da causa primária, das causas secundárias e dos fatores perpetuantes.
A importância de um diagnóstico correto e individualizado
Se tem algo que precisa ser deixado claro é: não existe tratamento padrão para otite em pets. Cada caso deve ser avaliado de forma única, considerando o histórico, o ambiente, os hábitos do animal e os resultados clínicos.
A abordagem superficial ou baseada apenas em sintomas pode até aliviar temporariamente, mas as chances de recidiva são altíssimas. Além disso, o uso incorreto de medicamentos pode agravar o quadro ou gerar resistência bacteriana, tornando o tratamento muito mais difícil no futuro.
Por isso, um bom diagnóstico exige olhar clínico apurado, exames específicos e uma condução cuidadosa. A boa notícia é que há um passo a passo técnico muito bem estabelecido que aumenta significativamente as chances de sucesso — e vamos detalhá-lo a seguir.
Passo a passo para diagnosticar corretamente a otite em pets

O diagnóstico completo da otite em cães e gatos é feito em etapas, com cada uma delas sendo essencial para identificar a causa e direcionar o melhor tratamento. Confira o processo que deve ser seguido:
1. Histórico detalhado
Tudo começa com uma conversa cuidadosa entre o veterinário e o tutor. O histórico clínico é mais do que uma formalidade: ele é um dos principais recursos diagnósticos.
O profissional deve investigar:
- Quando os sintomas começaram?
- O animal já teve otite antes?
- Houve uso de medicação anterior (mesmo que tópica)?
- O pet costuma nadar ou tomar banho com frequência?
- Há coceira em outras partes do corpo?
- O animal tem histórico de alergia?
- Ele vive com outros animais? Apresentam sintomas semelhantes?
Essas perguntas ajudam a mapear o contexto geral e levantar hipóteses diagnósticas iniciais, além de descartar causas comuns ou identificar padrões que podem passar despercebidos.
2. Exame físico completo e otoscopia ou otoendoscopia
A segunda etapa é o exame físico geral, seguido do exame otológico detalhado. Essa é a hora de observar o conduto auditivo com profundidade, usando recursos como:
- Otoscópio tradicional: permite visualizar o interior do ouvido, checar a presença de corpos estranhos, inflamação, cerume alterado e visualizar (quando possível) o tímpano.
- Otoendoscopia: exame mais avançado, com câmera acoplada, que oferece visão ampliada e registro das imagens — excelente para documentar evolução e realizar procedimentos menos invasivos.
Nessa etapa, o profissional avalia:
- Grau de inflamação
- Presença de secreção (tipo e cor)
- Dilatação do conduto
- Integridade do tímpano
- Sensibilidade à dor
A observação cuidadosa permite levantar suspeitas sobre o tipo de otite (bacteriana, fúngica, parasitária ou mista) e orientar os próximos exames.
3. Citologia auricular
A citologia é um dos exames mais importantes para definir o agente causador da otite. É um procedimento simples, rápido e não invasivo: com um cotonete esterilizado, colhe-se o material do conduto auditivo e o mesmo é analisado ao microscópio.
A citologia permite identificar:
- Presença de bactérias (gram positivas ou negativas)
- Leveduras (como Malassezia)
- Células inflamatórias
- Ácaros
- Células epiteliais alteradas
Com esses dados, o veterinário consegue avaliar a gravidade da infecção e escolher o medicamento correto, seja ele antibiótico, antifúngico ou antiparasitário.
Além disso, a citologia é extremamente útil para avaliar a evolução do tratamento, podendo ser repetida no acompanhamento.
4. Cultura e antibiograma (em casos crônicos ou refratários)
Em casos de otite crônica, de difícil resolução ou com múltiplas recidivas, a cultura bacteriana com antibiograma é essencial. O exame colhe o material auricular e envia para laboratório, onde se identifica com precisão:
- Qual(is) bactérias estão presentes
- Quais antibióticos são eficazes contra elas
- Quais medicamentos devem ser evitados por resistência
Esse tipo de exame permite um tratamento altamente direcionado, personalizado e seguro, evitando o uso empírico de antibióticos e minimizando o risco de resistência microbiana — um problema sério na medicina veterinária atual.
Embora não seja solicitado em todos os casos, o antibiograma é obrigatório em casos crônicos ou quando há falha de tratamento anterior.
Benefícios de um diagnóstico correto na saúde auditiva do pet

Quando o diagnóstico da otite é feito da forma correta, os benefícios são percebidos rapidamente — tanto no quadro clínico quanto no comportamento e bem-estar do animal.
Veja os principais impactos positivos de um diagnóstico completo:
- Tratamento eficaz e mais rápido: Menos sofrimento, menos tentativas, mais resultado.
- Redução das recidivas: Identificar a causa real evita que o problema volte a acontecer.
- Menor uso de medicamentos: Com a escolha certa desde o início, evita-se uso prolongado de antibióticos ou antifúngicos.
- Prevenção de complicações: Otites maltratadas podem se tornar crônicas ou evoluir para otite média/interna.
- Economia para o tutor: Tratar certo desde a primeira vez evita gastos repetidos com consultas, exames e remédios.
- Melhora na qualidade de vida do animal: Redução de dor, irritação, estresse e risco de perda auditiva.
Além disso, tutores bem orientados passam a perceber sinais precoces e a contribuir ativamente com a prevenção — o que fortalece o vínculo entre clínica, animal e família.
Conclusão: tratar a otite começa com um diagnóstico de verdade
Otite não se trata com sorte, palpite ou “remedinho de sempre”. Cada animal é único, e cada caso de otite é uma combinação de fatores que precisam ser analisados com seriedade e atenção.
Quando o diagnóstico é realizado com base em um protocolo técnico e completo — incluindo histórico, exame otoscópico, citologia e, se necessário, antibiograma — as chances de sucesso aumentam exponencialmente.
Se você é tutor, exija esse cuidado para seu pet. Se você é veterinário, adote esse protocolo como padrão de atendimento. Os resultados falam por si: menos sofrimento, mais saúde, mais confiança.
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1. Posso tratar otite em casa com produtos naturais?
Não é indicado. Produtos caseiros podem piorar o quadro e mascarar sintomas importantes. O diagnóstico correto só pode ser feito por um veterinário com os exames adequados.
2. Meu pet já teve otite várias vezes. É normal?
Não. A otite recorrente é sinal de que a causa primária não foi identificada ou tratada corretamente. Procure um veterinário que siga o protocolo completo de diagnóstico.
3. Citologia auricular dói no animal?
Não. É um procedimento simples e indolor, feito com cotonete, e que traz informações muito valiosas para o tratamento.
4. Todo caso de otite precisa de cultura e antibiograma?
Nem sempre. Esse exame é indicado especialmente em casos crônicos, com histórico de falha terapêutica ou quando há suspeita de resistência bacteriana.
5. Como posso evitar novas crises de otite no meu pet?
Além de tratar corretamente, é fundamental manter as orelhas limpas e secas, evitar umidade excessiva, investigar alergias e fazer acompanhamento periódico com o veterinário.